terça-feira, 22 de abril de 2008

O inferno é no Brás

O dia que eu fui fazer compras com minha esposa no Brás.


Sou um pai babão. Fato. Adoro ir as consultas com a ginecologista, adoro ver e rever o ultra-som e pensar no meu filho dentro de cada roupinha que ganhamos. Quando minha esposa me chamou para irmos ao Brás, um aglomerado de comércio popular no centro de São Paulo, eu não sabia o que me aguardava. Fui na melhor das intenções, com todo meu interesse, mas confesso: o inferno é no Brás. E não só por isso, mas comprar roupas e cia de bebê com minha mulher foi um suplício.
Ela me disse que deveríamos chegar cedo já que aos sábados o comércio fecha no começo da tarde. E eu mal sabia disso. Pensei que em uma cidade como São Paulo, onde as pessoas não teriam tempo de ver essas coisas em dia de semana, o comércio abrisse aos sábados até no mínimo às 17 horas. Ok, eu não sou paulistano. Enganei-me.
O fato é que chegamos às 8 horas da manhã de sábado (!!!) e a quantidade de pessoas e ambulantes já me assustou. Era impossível manter um ritmo andando pelas calçadas. Tudo engarrafava, como o transito em horário de rush (até fora do rush) e as pessoas não tem luz de freio, não ligam a seta nem colocam pisca-alerta. O que mais ocorre é estacionarem em “local proibido”. E não existe nem a lei do bom senso nesse caos. Por vezes me vi andando no meio da rua como calçada e arrastando minha esposa por algum cantinho.
O Brás é também um centro de barraquinhas gastronômicas. A cada barraquinha de cocada, milho cozido, açaí, água de coco, abacaxi em fatias minha mulher parava por 10 minutos pensando se comprava ou não. Comeu a maioria das coisas que viu. Ao menos não era salgadinho ou fritura....
Todas as lojas de gestante e bebê do Brás são lotadas! Acho que somente uma estava vazia. Nenhuma vendedora nos atendeu. Cada loja que nós chegávamos elas nos passavam seus nomes e sumiam, correndo atrás de uma nova cliente que adentrava para não perder comissão, sei lá eu como funciona aquela bagunça. Sem contar que pode-se receber panfletos de todas as lojas do local a cada esquina.
Depois de entrar na terceira loja já me achava abatido. Não falei nada com minha esposa, que mantinha um ritmo ainda eufórico olhando todas as roupinhas e apetrechos infantis. Não compreendia qual era a dificuldade de se escolher o que deveria ser levado. Houve um momento, mais ao final ,que peguei a lista de suas mãos e fui colocando tudo que estava escrito dentro do cesto. Não escolhia nem o mais barato, nem o mais caro. As vezes ela resmungava uma coisa ou outra mas já estava bem cansada também e sei que se sentia um pouco perdida. Mas veja bem, qual é a dificuldade em se comprar roupas para meninos?? Pegue lá uma quantidade de roupas azuis,verdes, brancas e pronto!!! As filas eram enormes, às vezes eu ficava na fila e ela ia terminando de ver alguma coisa que faltava. Por cantos viam-se mulheres barrigudas sentadas em cima de algum puf , com um semblante cansado. Em certo momento pensei “quando chegarem em casa vão ficar olhando tudo que compraram e o cansaço passa”

O preço no Brás realmente é atrativo, se comparado a lojas de shoppings e similares. As vezes o mesmo produto tem uma diferença de mais de 50% no preço. E pode ter certeza, por lá se encontra praticamente de um tudo!! Desde o cortador de unha até o berço. A qualidade dos produtos também varia, vai do critério de cada um. Depois que cheguei em casa e contei cada nota fiscal, me senti um pouco aliviado, achando que tudo valeu a pena...Vocês tinham que ver a satisfação da minha mulher, que se gabava do marido que fazia compras para o bebê com ela... Não contrario ela grávida. Nem o meu bolso.

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